quinta-feira, 27 de maio de 2021

A missão educativa da família

 

Não é muito difícil entender que – como tantas vezes afirmou o Magistério da Igreja –, “os pais são os primeiros e principais educadores de seus filhos”(Catecismo da Igreja Católica, n. 1653). É um direito/dever que tem raiz na lei natural e, por isso, todos compreendem, ainda que seja apenas de maneira intuitiva, que existe uma continuidade necessária entre a transmissão da vida humana e a responsabilidade educadora.

Rejeitamos naturalmente a ideia de pais que abandonam seus filhos depois de os terem trazido ao mundo e também a ideia de que sua função está limitada às necessidades físicas dos filhos, despreocupando-se das intelectuais, morais etc. E a raiz desta rejeição natural é que a razão humana entende que o âmbito primário para a acolhida e o desenvolvimento da vida do homem é a comunidade conjugal e familiar.

Pertence à essência do matrimônio a abertura à vida, que não se reduz à mera geração dos filhos, mas inclui a obrigação de lhes ajudar a viver uma vida plenamente humana e em relação com Deus.

A educação dos filhos é projeção e continuação do próprio amor conjugal e, por isso, o lar familiar que nasce como desenvolvimento natural do amor dos esposos é o ambiente adequado para a educação humana e cristã dos filhos. Para estes, a primeira escola é o amor que os pais têm um pelo outro. Através de seu exemplo, recebem, desde pequenos, uma autêntica capacitação para o amor verdadeiro.

Já que a educação é continuação necessária da paternidade e maternidade, a participação comum dos dois esposos estende-se também à educação. A missão educativa reside nos pais precisamente enquanto casal; cada esposo participa solidariamente da paternidade ou maternidade do outro. Não devemos esquecer que os outros agentes educativos – colégio, paróquia, clube juvenil etc. – são colaboradores dos pais: sua ajuda é prolongação – nunca substituição – do lar. Em suma, para a missão de construir o lar são necessários os dois cônjuges. Deus dá a graça para suprir a forçada ausência de um, mas o que não cabe é a inibição ou renúncia voluntária.

O mundo sofreu enormes mudanças sociais e trabalhistas que também têm repercussão na família. Entre outros fenômenos, cresceram o número de lares em que tanto o marido como a esposa têm um trabalho profissional fora do lar, que com frequência absorve muito do seu tempo. Cada geração tem seus problemas e seus recursos e não é necessariamente pior que as outras, nem se pode cair em casuísticas.

Em qualquer caso, o amor sabe antepor a família ao trabalho, e é imaginativo para suprir horas de dedicação com uma maior intensidade de convivência. Além do mais, não se pode esquecer que os dois esposos têm de estar envolvidos na construção do lar, sem cair na ideia equivocada de que o trabalho fundamental do homem é ganhar dinheiro, deixando em mãos da mulher os trabalhos da casa e a educação dos filhos. Confiamos a Maria e José, que viram crescer Jesus em sabedoria, em idade e em graça ( Lc 2, 52.), a missão dos pais, cooperadores de Deus em um trabalho de grande transcendência e de suma beleza.

M. Díez

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