segunda-feira, 17 de junho de 2013

A oração, no pensamento de Pe. Alberione



Trechos de Pe. Alberione, em Balsamo (Milão), 12 de agosto de 1958, por ocasião do 1° curso de exercício do nascente Instituto de Vida Secular Consagrada, Nossa Senhora da Anunciação.


O que é a oração todos sabem. Existe a oração vocal e existe a oração mental. A oração vocal: por exemplo, o terço, a via-sacra, o canto dos ofícios, as orações da manhã e da noite etc. Chamam-se vocais, porque são feitas com a voz, não porque sejam feitas somente com a boca, mas porque, além da mente e do coração, há também a palavra externa. Por isso, falando, por exemplo, do terço, há a meditação do mistério e no mistério procura-se tirar um fruto, um propósito.

Além da oração vocal, temos a oração mental. É aquela que se faz especialmente no íntimo, com a mente, com o coração e também com os propósitos. Quem faz o exame de consciência, faz oração mental. Quem exprime ao Senhor e tem no seu coração desejos santos, faz oração mental, interna.

É preciso, pois, distinguir: há a oração feita de fórmulas, há o espírito de oração e há a vida de oração. Tem-se oração de fórmulas, quando se recitam, por exemplo, as orações da manhã e da noite, quando se reza o terço, quando se dizem as orações de preparação e ação de graças para a comunhão. Todas estas são fórmulas de oração que lemos ou dizemos acompanhando-as com sentimento interno. Mas, além destas fórmulas de oração, há também o espírito de oração que se tem quando interiormente se fala com Deus: sente-se a união com Deus, exprimem-se sentimentos próprios. Existem almas que em vez de fórmulas de preparação e agradecimento para a comunhão, fazem orações espontâneas que saem da alma e do coração. Então há o espírito de oração. O espírito de oração é sentimento interior de humildade e de confiança em Deus. Sente-se a necessidade e recorre-se ao Senhor. Sentimos que de nós mesmos nada podemos, com Deus podemos tudo. Sentimos que somos filhos pequeninos, mas Deus é o Pai bom e grande.

Nossa vida vale enquanto nos merece o céu, e é grande dom de Deus do qual devemos prestar contas. E quando esse dom não fosse utilizado para Deus, o que seria? Poucos são os anos de vida, mas as consequências são eternas. Quantos, enquanto estamos falando, sofrem as penas do inferno e compreendem que teriam podido, na sua vida, ganhar a felicidade eterna. Por isso vivem no desespero eterno nos seus sofrimentos, que não terminarão jamais. E quantas almas, pelo contrário, enquanto estamos falando, nos olham do céu, nos animam e nos esperam: “os justos se juntarão ao meu redor, por causa do bem que me fizeste (Sl 142,8). Animam-nos: andai em nosso caminho, não vos desvieis para a direita nem para a esquerda. O caminho é também difícil, mas pé na estrada, ao céu.

Quando vivemos neste sentimento de sobrenaturalidade, pode-se dizer que vivemos em continua oração. E isto nos põe no terceiro grau de oração. O Senhor diz no Evangelho: “Oportet orare semper et non deficere”: é preciso orar sempre, sem jamais esmorecer (cf. Lc 18,1). Pode-se interpretar este texto para dizer que é necessário orar sempre sem jamais cansar-se? Sim. Isto quer dizer que hoje é preciso orar quanto devamos, amanhã orar quanto devamos, no ano que vem, ainda orar quanto devamos.

Passamos as vinte e quatro horas do dia e enquanto elas se sucedem, o sol faz o seu giro, para falarmos popularmente. O sol nas vinte e quatro horas vê sobre a terra elevar-se continuamente o cálice e a hóstia para o céu. São quatrocentos mil sacerdotes que celebram missa durante o dia e há três, quatro consagrações cada segundo. Isto quer dizer que existem uma missa contínua e continuada, que o sacrifício da cruz está sempre vivo. O sol que hoje à esta hora ilumina certas terras, depois passa com a sua luz a outras terras e a outras terras ainda, mas continuamente é a hóstia, é o cálice que se elevam para o céu em adoração, agradecimento, satisfação e súplica a Deus. Um calvário sempre vivo, sempre verdadeiro, sempre atual, que se prolonga nos séculos, que glorifica o Senhor e faz chover graça e bênção sobre a humanidade mais afastada de Deus. Quem durante o dia tem intenção de viver unido a todas estas missas, ora dizendo: “Ofereço-vos todas a minhas intenções, ações e sofrimentos em união com todos os sacerdotes que celebram a santa missa”; quem age desta maneira, está em contínua adoração. Por outra parte, diz São Paulo: “Tudo o que fizerdes de palavra ou ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus” (Cl 3,17). Tudo, também o descanso, também o tempo da recreação, tudo seja em nome do Senhor Jesus, para maior glória de Deus. Mas tudo unido a este sacrifício continuado sobre a terra. É isto que mantém firme a mão da justiça de Deus para não ferir a humanidade tão maculada de pecados.

Quem não vai à oração, vai à ruína. Muitos vão à ruína porque não oram. Mas também, os que oram tem provações, sofrimentos, às vezes tem padecimentos, são contrariados, combatidos. É verdade, mas durante as provações, progridem, transformam seus sofrimentos em méritos, e as suas provações servem para firmá-los na virtude: “com a tentação ele vos dará os meios de sair dela e a força para a suportar (1Cor 10,13).
Falamos da obediência, da castidade, da pobreza, mas não quis descer a particularidades. Pode ser que haja momentos de desorientação, mas quem ora, entenderá bem a virtude da pobreza, da castidade, da obediência, assim como entenderá bem o voto de pobreza, de castidade, de obediência, os quais conferem aumento grande de graça e de mérito para a eternidade. Oremos muito! Dir-se-á, talvez, que não há tempo, mas então é necessário converter todo o tempo em oração. Há almas que são como que uma oração ambulante, que caminha. Fazem as coisas em casa, fora de casa, no estabelecimento comercial, no local de trabalho, ou na igreja. Mas qualquer coisa que façam, fazem-na por Deus, unidas em espírito às missas que se celebram em todo o mundo, oferecendo sempre com Jesus-Hóstia, a si mesmas. Então não devemos mais nos lamentarmos não haver tempo para orar. São as vinte e quatro horas do dia. Mesmo dormindo, porque à noite se põe a intenção de que todas as respirações sejam transformadas em atos de amor de Deus, e todas as batidas do coração que se sucederem durante o sono sejam atos de amor de Deus. Então tudo acontece em cumprimento da vontade de Deus. À noite, pede-se ao Senhor que prepare as graças para o amanhã e que mande, enquanto descansamos, muitas almas para o céu, para o seu descanso eterno. Há almas que decidiram dar ao céu pelo menos uma alma no dia, e libertar ao menos uma alma do purgatório. Assim, realiza-se apostolado e sé obtêm resultados.

Agora, se olhais o mundo, se olhais a sociedade, os movimentos operários, as famílias, faz-se de tudo, fazem-se muitos sacrifícios muitos trabalhos, tomam-se tantos caminhos, empregam-se tantos meios e muitas vezes se deixa de lado a oração. “Temos muito a fazer!” Mas a primeira coisa a fazer é orar. E se o dia começa sem Deus, que acontecerá no decurso deste dia? Certos motivos que se aduzem a que servem para a alma? Vivemos somente para a terra, ou vivemos para a eternidade?

(Pe. Alberione, Meditações por consagradas seculares, pp 51-58, Edizioni Paoline, 1976)

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