sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Constância e paciência, virtudes que não estão na moda


Este texto do Papa Emérito Bento XVI, que data de dezembro de 2010, faz uma bela e oportuna reflexão sobre a segunda leitura deste III Domingo do Advento.

"Queridos irmãos e irmãs:

Neste terceiro domingo do Advento, a Liturgia propõe uma passagem da Carta de São Tiago, que começa com esta exortação: “Tenham, pois, paciência, irmãos, até a Vinda do Senhor” (5, 7). Parece-me particularmente importante, em nossos dias, sublinhar o valor da constância e da paciência, virtudes que pertenciam à bagagem normal de nossos pais, mas que hoje são menos populares, em um mundo que exalta mais, em contrapartida, a mudança e a capacidade para se adaptar a situações sempre novas e diversas. Sem nada tirar desses aspectos, que também são qualidades do ser humano, o Advento nos chama a fortalecer essa tenacidade interior, essa resistência de espírito, que nos permite não desesperar na espera de um bem que tarda a chegar, mas sim prepara sua vinda com confiança operante.

“Olhai o agricultor: ele espera com paciência o precioso fruto da terra, até cair a chuva do outono ou da primavera. Também vós, exercei paciência e firmai vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima" (São Tiago 5, 7-8). A comparação com o camponês é muito expressiva: quem semeou no campo tem perante si meses de espera paciente e constante, mas sabe que a semente enquanto isso cumpre seu ciclo, graças às chuvas de outono e primavera. O agricultor não é fatalista, mas é um modelo dessa mentalidade que une de maneira equilibrada a fé a razão, pois, por um lado, conhece as leis da natureza e cumpre bem o seu trabalho, e, por outro, confia na Providência, dado que algumas coisas fundamentais não dependem dele, mas estão nas mãos de Deus. A paciência e a constância são precisamente sínteses entre o compromisso humano e a confiança em Deus.

“Fortalecei vossos corações”, diz a Escritura. Como podemos fazer isso? Como podem ser mais fortes nossos corações, se já por si são frágeis, e se a cultura em que estamos submersos os tornam mais instáveis? A ajuda não nos falta: é a Palavra de Deus. De fato, enquanto tudo passa e muda, a Palavra do Senhor não passa. Se as vicissitudes da vida nos fazem sentir perdidos e parece que se derruba toda certeza, temos a bússola para encontrar a orientação, temos uma âncora para não ir à deriva. Aqui é-nos apresentado o modelo dos profetas, quer dizer, dessas pessoas a quem Deus chamou para falar em seu nome. O profeta encontra sua alegria e sua força na Palavra do Senhor, e enquanto os homens buscam com frequência a felicidade por caminhos que se revelam equivocados, ele anuncia a verdadeira esperança, a que não nos decepciona, pois está fundamentada na fidelidade de Deus. Todo cristão, em virtude do Batismo, recebeu a dignidade profética: que cada um possa redescobrir e alimentá-la, com uma assídua escuta da Palavra divina. Que assim nos alcance a Virgem Maria, a quem o Evangelho chama de bem-aventurada, porque acreditou no cumprimento das palavras do Senhor" (Cf. Lucas 1, 45).


[Traduzido por ZENIT

©Libreria Editrice Vaticana]

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