terça-feira, 20 de outubro de 2015

O retrato da família hoje


De 4 a 25 de outubro de 2015, acontece no Vaticano a  XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Esse encontro será a etapa final do sínodo da família.O relator geral do sínodo, cardeal Peter Erdö, apresentou a “Relatio Post Disceptationem”, documento que finaliza a primeira etapa. O documento recolhe as principais reflexões dos padres sinodais nos primeiros dias do encontro.

A família vive uma crise profunda. Sua identidade como célula onde se forma o indivíduo está deteriorada. A falta de solidez das relações conjugais, a novas configurações profissionais de homens e mulheres, que exigem mais dedicação e tempo fora de casa, a rapidez das transformações tecnológicas, a influência desconstrutiva das mídias nas relações familiares, e outras tantas variáveis, afetam diretamente esta instituição milenar.

Segundo Pe. Duarte da Cunha: "Claro que esta crise também tem levado a valorizar muita coisa que não era suficientemente tida em conta, como a importância da ternura nas relações conjugais, a complementaridade homem/mulher na educação; a função social da família, para só citar alguns aspectos. Assim, não é necessário entender a palavra crise exclusivamente em sentido negativo, mas chamamos verdadeira crise porque muita coisa mudou e ainda não se sabe onde vai parar e porque muito do que sempre foi tido como imutável está sendo atacado. O problema, no entanto, não é tanto que  aconteça uma mudança das ideias sobre a sociedade. Em si mudar as ideias  não é mau, mas o que esta acontecendo é a destruição da civilização humana e, por isso, o desaparecimento da pessoa, porque se negam aspectos constitutivos da sua natureza. A crise da família está intimamente ligada, quer como causa, quer como efeito, à crise geral da sociedade, mas o que está em causa é a pessoa.

A pessoa humana, ser único e irrepetível, unidade complexa de alma e corpo, ser eminentemente social, vive, ainda, numa história e, por isso, experimenta-se a si mesmo no tempo e no espaço concretos. Todas as relações que temos com outras pessoas e até conosco mesmos são sempre, de forma absolutamente necessária, afetadas pela marca do tempo e da pátria. Mas a pessoa, mesmo contextualizada e vivendo num tempo que não pára, permanece a mesma. A pessoa humana procura sempre a unidade, não só entre alma e corpo, entre eu e tu, mas também entre permanência e mudança. Há coisas que nenhum tempo ou lugar podem mudar, sob o risco da pessoa humana deixar de ser o que é, e todos desejamos viver um dinamismo que seja não uma constante e desorientada mudança mas um crescimento do mesmo eu. 

Ao longo da história, houve várias tentativas de imaginar a sociedade sem família, desde a República de Platão que isso tem tido alguns interessados, mas nunca foi possível um punhado de intelectuais desorientados afetar o rumo das pessoas reais, até chegarmos a este tempo em que o poder midiático, o poder econômico e os intelectuais relativistas se unem para tentar fazer uma coisa nova e destruir o que era estrutural. Será exagero dizer isto? Mas, se achamos que deve ser liberalizado os pais matarem os filhos recém gerados (aborto), se as relações deixam de pretender ser estáveis e capazes de progredir através dos momentos bons e dos momentos maus, para serem apenas experiências fugazes (divórcio fácil uniões passageiras) e se a relação de casamento entre pessoas deixa de ser a descoberta do eu total, corpo e alma, e, consequentemente da diferença e da complementaridade sexual, para passar a ser apenas a união de dois seres que sentem uma qualquer afeição (homossexualidade), então o futuro será uma incógnita.
Se os que acreditam que o Criador tem um projeto e experimentam no seguimento desse caminho revelado a verdadeira felicidade se juntarem e defenderem a família, a vida e as instituições que as protegem, então o futuro não será negro, mas uma nova esperança".

Acompanhe na seção Entrevistas, um casal de colombianos que participam do Sínodo das Famílias como auditores, e veja o que dizem sobre dedicar mais tempo à família para salvá-la. 

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