terça-feira, 13 de outubro de 2015

Jesus não é um "fast food espiritual"



Evangelizar é preciso porque este foi o mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo, que disse: “Ide por todo mundo pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15). São João Paulo II fez ecoar essas palavras de Jesus, quando disse que muitos são batizados, mas pouquíssimos são evangelizados. Evangelizar é preciso em sintonia com a Igreja do Brasil e seu Projeto: “Queremos ver Jesus, caminho, verdade e vida”.

Nunca o nome de Jesus foi tão falado e propagado, mas, infelizmente, como um “fast food espiritual” que resolve o problema de todos principalmente daqueles que arrecadam no uso de Seu nome. A única forma de lutar contra todas essas leviandades de uma fé banalizada é levar as pessoas a uma experiência profunda com Jesus, resgatando-as para Ele.

A própria Igreja no Brasil, nos lança os desafios quando pede uma evangelização que atinja a pessoa, a comunidade e a sociedade. Desafio que se torna maior ainda quando nos questionamos se evangelizar, segundo as palavras de Jesus, “Eu vos farei pescadores de homens”, significa pescar num aquário ou reduzir nossa evangelização a sermões dados e bem preparados àqueles que frequentam a Igreja.  A Igreja nos desafia a evangelizar e a trazer de volta o católico “de ocasião”, aquele que só vem para batizados, missa de sétimo dia ou quando o desgosto da vida faz com que a pessoa busque a Igreja como um “supermercado de graças”.

O desafio da evangelização se faz maior quando somos chamados a “lançar redes em águas mais profundas”, para resgatar os jovens que, cada vez mais, estão distantes da Igreja e dos quais exigimos, quando nela estão, que se comportem como adultos e pessoas da terceira idade.

Faz-se necessário lembrar que os protagonistas da evangelização deste milênio não são, necessariamente, os sacerdotes, mas os leigos chamados a evangelizar pelo testemunho da vida, pelas obras e pela fé.

Deus não é um “supermercado de graças” e não precisamos querer arrancar algo D’Ele.

Se evangelizar é uma urgência e se somos evangelizadores, então como evangelizar? Para nós que somos evangelizadores, evangelizar é acolher cada pessoa que chega e que se sente deslocada. Evangelizar é acolher aqueles que tropeçam no decorrer de sua vida e se desviaram da graça. Evangelizar é estender o braço para aquele que está caído. Evangelizar é oferecer uma nova chance para aquele que quer se redimir. Evangelizar é acolher e trazer de volta a ovelha machucada e desgarrada que já sofreu muito no mundo e levou pancada demais, de outros e falsos pastores. Evangelizar é falar o que Jesus disse, fazer o que Jesus fez. Evangelizar é encurtar distâncias, é ser ponte onde há inimizades, é saber criar situações onde o bem comum fale mais alto e a justiça de Deus aconteça.

A humanidade está faminta de Deus e não é justo que deixemos que eles vivam de migalhas. Não podemos nos esquecer dos ensinamentos da multiplicação dos pães. A humanidade está sedenta de água viva e se envenena com a água contaminada do medo, da violência e da insegurança. Não é justo guardarmos as talhas para nós e deixarmos que a água pura e cristalina jorre somente entre os átrios de nossas Igrejas.

Creio numa evangelização feita com arte, como uma grande sinfonia, onde no todo há harmonia e cada instrumento é importante e singular.

Evangelizar é preciso porque é na Palavra de Cristo que encontraremos as ferramentas necessárias para despertar consciências adormecidas e relaxadas, que semeiam valores contrários à família, à fidelidade ao respeito e ao amor.

Pe. Reginaldo Manzotti é coordenador da Associação Evangelizar é Preciso, e pároco e reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe em Curitiba (PR).

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