
O Evangelho deste último domingo não nos fala de alguém importante, influente
e da elite, mas de um miserável cego de nascença que jazia no caminho
por onde Jesus passava. Partindo da mentalidade daquele tempo, o
referido cego é um marginal e um excluído da sociedade, não só pela
desgraça da sua incapacidade visual, mas também pela interpretação feita
sobre a causa da sua doença. Assim sendo, a sua condição de excluído e
de incapacitado, fazia do Cego uma pessoa vulnerável e desprezada.
Diante desta tremenda injustiça e exclusão, é Jesus quem tem a
iniciativa, não só de o abordar, mas também de o reabilitar moralmente
(explicando que a cegueira não é um castigo divino), de o curar e de o
enviar. Curiosamente, a vida deste homem leva uma mudança, ainda que não
seja completa. Por isso, depois de ter sido inquirido pelas autoridades
judaicas, é procurado por Jesus e aí dialogam. Deste encontro e desta
possibilidade de diálogo, nascem maiores certezas na vida do Cego, pois
chega à conclusão de que Jesus é o Filho de Deus.
A narração evangélica
que nos é proposta não só narra uma cena muito marcante de quem foi
curado por Jesus, como também permite compreender o modo como acontece a
experiência da fé na nossa vida. Tal como aconteceu com o Cego, não nos
basta sermos curados e serem salvaguardados os nossos interesses. Do
encontro com Jesus Cristo tem de nascer uma vontade e uma necessidade
expressa de querer saber quem Ele é e entrar numa profunda relação de
intimidade com o Senhor. O ato de acreditar, de poder professar como o
Cego “Eu Creio, Senhor”, não depende apenas de vermos satisfeitos os
nossos interesses e necessidades, mas de conhecermos Jesus,
experimentarmos a Sua vinda à nossa vida e, em consequência, fazer da
nossa vida um lugar de contínua relação íntima com Jesus.
Paróquia de São Luís - Algarve
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