quinta-feira, 10 de agosto de 2017
terça-feira, 1 de agosto de 2017
Por que Deus não curou #CharlieGard?
A notícia se espalhou rapidamente em todo o planeta. Charlie Gard, o
bebê britânico portador de uma doença grave, morreu em um hospital de
Londres. Embora já fosse esperada, a morte de Charlie deixou todo mundo
triste.
Nos últimos meses, a situação de Charlie chamou a atenção.
Diagnosticado com uma doença terminal, o bebê que ainda não tinha um ano
de idade, teve sua vida e sua morte no centro de uma amarga disputa
legal. Enquanto os médicos de Charlie julgavam melhor suspender os
tratamentos, os pais dele não concordavam. Eles queriam dar ao filho uma
chance de lutar pela vida, mesmo que os tratamentos experimentais
apenas melhorassem sua grave situação. O que aconteceu deixou de ser uma
disputa sobre o tratamento de Charlie e tornou-se uma batalha judicial
sobre os direitos parentais. Entre o hospital e os pais, quem deveria
ter a última palavra ao determinar o que seria melhor para uma criança
doente? Em inúmeras audiências, os pais de Charlie, Chris Gard e Connie
Yates, perderam quase todas as apelações. Os tribunais negaram os
pedidos que eles fizeram para transferir o garoto para outro hospital e
buscar tratamento experimental no exterior. Até mesmo a solicitação
para levar Charlie para a morrer na sua própria casa foi negada. A cada
passo, os juízes contestavam os pedidos com base em evidências clínicas.
Resultado: Charlie não deixou o hospital no qual ele foi diagnosticado e
os desejos dos médicos finalmente foram cumpridos.
O debate legal sobre o caso Charlie Gard vai continuar como era de se esperar.
Mas não é só isso. As questões culturais e religiosas também serão
discutidas. Por exemplo: no lado religioso, alguns fiéis podem encontrar
na doença e na morte de Charlie um desafio à fé. Embora as fotos do
batismo de Charlie nos consolam como cristãos, podemos nos perguntar, no
entanto, por que Deus não atuou radicalmente para salvar a vida do
pobre Charlie?
Perguntas como esta podem ser inevitáveis, mas não ficam sem
respostas. Como escrevi alguns dias atrás, o propósito da oração de
intercessão não é mudar a vontade de Deus; seu objetivo é nos mudar.
Santo Agostinho explicou isso, há séculos, a uma nobre cristã que
enfrentava inúmeros desafios. O santo bispo incentivou a mulher
sofredora a rezar por uma “vida feliz”, que é quando possuímos tudo o
que desejamos, contanto, é claro, que não desejemos nada do que não
devemos ter. Em outras palavras, a felicidade consiste em possuir o que
Deus quer nos dar. A visão de Agostinho, aqui, é instrutiva. Ao abrirmos
nossos corações para Deus – para nós e para os outros – a nossa oração é
purificada, de modo que, ao longo do tempo, começamos a desejar mais o
que Deus quer nos dar e menos o que nós gostaríamos de ter. Mesmo em
tempos de angústia, explicou Agostinho, a oração transforma nosso
sentimento de dor e ansiedade para iniciar a busca do bem maior que Deus
nos proporciona através do nosso sofrimento.
Na sua doutrina de oração, São Tomás de Aquino destacou o mesmo
ponto. Ele ensinou que rezar pela salvação, por uma graça, por uma
conversão e pelo crescimento de uma virtude é alinhar nossas vontades às
de Deus. Consequentemente, Deus não é aquele que muda como resultado de
nossa oração; nós é que mudamos. Apesar disso, Tomás de Aquino e
Agostinho não acreditavam que nós não deveríamos orar também pelos bens
temporais – por um bom trabalho, pela preservação da doença, pela
proteção contra os inimigos -, mas ambos consideravam que nosso desejo
por esses bens deveria ser orientado para a felicidade final e eterna
que Deus quer para cada um de nós. O desejo de atingirmos o Céu,
portanto, representa o fruto da nossa oração: de que a vontade de Deus
seja feita, tanto na terra quanto no Céu. Mesmo que soframos por causa
do desemprego, de uma doença difícil ou dos ataques de nossos inimigos, a
nossa vontade de chegarmos ao Céu deve permanecer – e até mesmo
crescer.
Quando aplicados à curta vida de Charlie Gard, os ensinamentos
cristãos sobre a oração podem ser um desafio. Precisamos de muita fé
para entender que a morte do pequeno Charlie, que ocorreu apesar do
derramamento de oração por sua vida, nos aponta para algo bom que Deus
quer nos dar, algo maior do que o mal que representa a morte de Charlie.
Este mistério não deve nos surpreender, é claro. Considere a vida e a
morte de Jesus. A paixão de Cristo levou-nos a um bem maior do que o mal
da execução de Deus-Homem. Assim também se dá com todo o mal que
enfrentamos; Deus permite isso apenas por causa de um bem maior.
Consequentemente, enquanto pedíamos a vida de Charlie Gard, buscávamos,
de fato, não mudar Deus, nem forçar Sua mão para agir, mas, sim, mudar a
nós mesmos. Através da nossa oração, buscamos alcançar o bem maior que
Deus vai conceder depois de permitir a doença de Charlie. Agora que
nossa oração mudou e rezamos pelo repouso de sua alma, o trabalho de
mudar-nos através da busca desse bem maior, que envolve o sofrimento da
morte de Charlie, deve se intensificar.
Talvez esta oração já esteja dando frutos. Talvez nunca possamos
saber nesta vida a natureza exata do bem maior pelo qual Deus permitiu
que Charlie Gard morresse tão jovem. Seja qual for a natureza específica
desta graça, o mundo já parece melhor – mais humano, talvez – por ter o
#CharlieGard como símbolo dos direitos parentais e de oração pelo
ordenamento dos direitos civis. Já podemos ver que, na providência de
Deus, nem a morte de Charlie nem nossas orações por sua vida foram em
vão.
Senhor, conceda-lhe o descanso eterno e permita que ele seja iluminado pela luz perpétua. Que ele descanse em paz. Amém.
Trechos do artigo de Fr. Aquinas Guilbeau, OP
sexta-feira, 21 de julho de 2017
5 dicas dos pais de Santa Terezinha de Lisieux para criar bons filhos!
Sim, eles foram santos e criaram santos, mas as suas técnicas eram incrivelmente simples, práticas e imitáveis
Seus
filhos são difíceis de disciplinar? Eles copiam todos os seus maus
hábitos? Você se preocupa com as suas birras e caprichos?
Bom, você não está só. São Louis e Santa Zelie Martin, pais de Santa Terezinha de Lisieux, enfrentaram essas mesmas lutas e precisaram discernir o que fazer.
Sim, é verdade, eles eram pais santos de filhos santos, mas exercer a
paternidade e a maternidade também foi desafiador para eles, que nem
sempre sabiam as respostas mais claras. O que eles fizeram foi
perseverar e lutar para atender às necessidades dos filhos num ambiente
familiar de grande amor.
Aqui vão cinco dicas úteis inspiradas nesses pais santos:
1 – Reconheça desde o início que cada filho é de Deus e dedique-o a Ele
Zelie tinha o costume de, imediatamente após o nascimento de cada filho, dedicá-lo a Deus com a seguinte oração:
“Senhor, concedei-me a graça de que esta criança seja consagrada a Vós e que nada possa manchar a pureza de sua alma”.
Os frutos dessa dedicação a Deus não eram imediatamente visíveis, é
claro, mas ela revela o estilo intencional da sua maternidade. Ela
queria que os seus filhos fossem santos aos olhos de Deus e sabia que
“agora mesmo” é o melhor momento para começar a viver em santidade – e
não “mais tarde”.
2 – Ame seus filhos com carinho superabundante
É fácil esquecer o quanto nossos filhos precisam de amor – de muito
amor. Louis e Zelie amavam seus filhos com imenso carinho e se
certificavam de que eles soubessem desse grande amor. Celine Martin, uma
das filhas, escreveu sobre seu pai:
“Mesmo sendo duro consigo mesmo, ele sempre foi afetuoso conosco. Seu coração era excepcionalmente tenro para conosco. Ele viveu só para nós. Nenhum coração de mãe poderia superar o dele”.
Louis demonstrava afeto inclusive em gestos pequenos e aparentemente
insignificantes, como apelidar as crianças com elogios: Marie era “o
diamante”; Pauline, “a pérola fina”; Celine, “a intrépida”; Léonie, “o
bom coração”; e Thérèse, ou Santa Terezinha, era “a pequena rainha” ou
“o buquê de flores”.
3 – Não desista quando o seu filho é difícil
Zelie tranquilizou seu irmão em uma carta recomendando não se
preocupar se um dos filhos pequenos fosse “difícil de administrar”.
O temperamento desafiador de uma criança não a impedirá de se tornar
excelente mais tarde e de vir a ser o maior amparo dos pais. Pauline,
conforme a mãe recordava, exigiu muita paciência dos pais até os dois
anos de idade, mas se tornou a filha mais exemplar. Zelie observa,
porém, que não a “estragou com mimos”: por menorzinha que ela fosse,
seus caprichos raramente eram atendidos.
E Pauline não foi a única filha da família Martin a criar estresse
para os pais. Terezinha e a irmã Léonie também foram fonte de grandes
angústias para Zelie. Ela e Louis, no entanto, não desistiram sequer
quando seus esforços pareciam infrutíferos.
4 – Seja exemplo de caridade para seus filhos
Nossos filhos são influenciados e tendem a imitar cada um dos nossos
movimentos, tanto para o bem quanto para o mal. Louis e Zelie fizeram
tudo o que podiam para dar o exemplo de como tratar bem as pessoas.
Celine testemunhou em seus escritos o quanto o pai era paciente com os
outros, mesmo sendo duro consigo mesmo.
5 – Brinque com seus filhos
Hoje em dia é muito fácil e tentador sentar seu filho diante de uma
tela e quase nunca brincar com ele. Mas, muitas e muitas vezes, o que os
nossos filhos precisam mesmo é da nossa atenção, inclusive para
brincar. Celine escreveu sobre sua mãe:
“Ela brincava conosco de bom grado, apesar do risco de ter de prolongar seus trabalhos até a meia-noite ou mais tarde ainda”.
Louis também se juntava às brincadeiras e muitas vezes produzia
pequenos brinquedos para as crianças, além de inventar atividades e
cantar junto com elas.
Philip Kosloski
sexta-feira, 14 de julho de 2017
Sabia que a aliança de casamento pode ter a força de um exorcismo?
De
ferro, prata , ouro ou qualquer outro metal: o anel adquiriu um
significado maior do que tinha na antiguidade pagã depois que a Igreja o
constituiu em símbolo da aliança indissolúvel entre os casais.
Entre os judeus e os romanos – até mesmo entre os povos pagãos – os
homens tinham o costume de colocar um anel no dedinho de sua futura
esposa, mas era um anel com um significado diferente. Tratava-se de um
voto de confiança, em que o homem entregava à mulher uma réplica do anel
ou carimbo pessoal que ele usava no polegar, com o qual lacrava
correspondências pessoais e contratos. Era um costume das classes mais
abastadas.
Por outro lado, os casais, de qualquer classe social, trocavam anéis
nupciais no dia do casamento e costumavam colocá-los no dedo anelar da
mão esquerda, bem perto do coração, onde se sente mais o pulsar do órgão
poderoso, que simboliza o amor que deve ser somente para Deus.
Pode soar muito romântico e até sentimental, mas o costume que nasceu na Europa do século VI se espalhou por todo o planeta,
e, ainda hoje, sob qualquer nominação religiosa ou cultural, os casais
trocam anéis e os colocam no dedo anelar da mão esquerda.
Em alguns países, como no Brasil, estes anéis são chamados de aliança
e é comum que, no dia do casamento, eles entrem solenemente na igreja
sobre uma elegante almofadinha conduzida pelas mãos de um pajem. Durante
a aplicação do sacramento, o padre abençoa as alianças e, em seguida,
convida os noivos a colocarem-nas mutuamente, repetindo palavras de
compromisso, fidelidade e amor.
Claro que esse pequeno cerimonial inserido na solenidade do
sacramento não é obrigatório – e sua ausência não invalidaria o
matrimônio. Porém, dignificado pela solenidade sobrenatural, como
somente a Igreja poderia ter concebido para maior glória de Deus e
consolidação do amor conjugal, transmite maior sentido ao contrato mútuo
de um casal.
A aliança de casamento pode chegar a revestir a condição de
sacramento autêntico, como o anel do pescador usado pelos papas depois
do conclave. Ou como os que recebem os religiosos – desde cardeais,
bispos e até freiras.
Abençoada e elevada de categoria, a aliança passa de um simples anelzinho a um instrumento de vida consagrada, uma profissão de vida religiosas, cheia de renúncias e sacrifícios santificantes.
Símbolo de oração da Igreja por seus filhos, a aliança pode
até chegar a ter a força de um exorcismo contra tentações e ataques de
espíritos malignos que induzem o adultério e a fornicação.
Usar sempre a aliança, mais do que um ato de amor, fidelidade e dever
conjugal, é uma proteção, já que , quando se casa, Deus manda um anjo
especial para o casal e sua finalidade é proteger o homem e a mulher
individualmente, em função da “uma só carne” que são os dois depois do
casamento, até que a morte os separe e no Céu sejam como os anjos.
(Marcos 12,25)
Por Antonio Borda
quinta-feira, 6 de julho de 2017
Como ensinar nossos filhos a sobreviver à cultura do “like”?
Os avanços tecnológicos e a proliferação das redes sociais mudaram
nossa maneira de viver. O acesso cada vez mais cedo de nossos filhos à
tecnologia fez com que eles adotassem maneiras diferentes de
socialização que, muitas vezes, não são entendidas pelos pais.
As mensagens de texto e vídeo substituíram as chamadas telefônicas e
as visitas pessoais. Ao mesmo tempo, com seus celulares, os jovens podem
interagir com milhares ou milhões de pessoas ao redor do mundo.
Neste cenário, fala-se muito das precauções que nossos filhos devem
ter com essa interação social, além dos perigos que eles enfrentam ao se
relacionar com desconhecidos. No entanto, há um tema que, como pais,
devemos ter ciência: a cultura do “like”. Hoje em dia, os jovens têm um
jeito de medir sua atuação nas redes sociais, comparando-a com a dos
outros, além de saber qual é o impacto que possuem suas publicações,
fotos e vídeos. É o chamado “like”.
A socialização de nossos filhos se vê superada pela obsessão
de conseguir os “likes”, já que isso traduz na visibilidade ou aceitação
que eles podem ter por parte de seus pais e amigos virtuais.
A busca pelos “likes” pode se transformar, então, em um vício, que faz
com que os jovens publiquem cada vez mais coisas novas ou impactantes
para conseguir mais seguidores.
A imagem deles para o mundo está afetada, já que eles estão longe de
se mostrar tal como são e concentram-se em uma espécie de campanha
publicitária, em que a própria imagem deve ser vendida, custe o que
custar.
A cultura do “like” também tem um forte impacto na autoestima de
nossos jovens, já que a interação ou aceitação pessoal é substituída por
um número específico que determina e afeta de maneira muito real a
imagem que eles têm deles mesmos e como se valorizam diante dos outros.
Como podemos então, como pais, nos aproximar desses temas com nossos
filhos? Em primeiro lugar, reconhecendo que a tecnologia e as redes
sociais têm um lugar essencial na vida deles e que não podemos mudar
isso.
O que podemos é ensiná-los a reconhecer a diferença entre um fenômeno social e a sua dignidade como pessoa.
Sempre é preciso deixar claro que o valor, a beleza e a personalidade
que eles têm não são determinados pela opinião que os outros formam a
partir de uma foto ou de um momento publicado nas redes. Também devemos
ensiná-los que, embora esses meios pressupõem uma plataforma de
interação social massiva, eles nunca poderão substituir a interação
humana face a face.
Devemos, ainda, ensinar com o exemplo e demonstrar-lhes que, mesmo
que a tecnologia faça parte de nossa vida, não dependemos muito delas. É bom propor momentos livres de tecnologia dentro da família.
Instantes que favoreçam as relações interpessoais e atividades
diferentes, que lhes comprovem que nem tudo deve ser regido pela
tecnologia.
Finalmente, devemos nos assegurar que nossos filhos encontram, na
família, um lugar em que são queridos e aceitos da forma como são. Desenvolver neles o sentido de pertinência ajudará a elevar a sua autoestima e a segurança em si mesmos,
ao mesmo tempo em que eles estarão menos inclinados a medir seus
valores pela quantidade de “likes” que conseguem em uma rede social.
María Verónica Degwitz
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