"Então se aproximaram dele
alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao homem
repudiar sua mulher? Ele, porém, respondeu-lhes:
Que vos ordenou Moisés?
Replicaram eles: Moisés
permitiu escrever carta de divórcio, e repudiar a mulher. Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou escrito esse mandamento. Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.
Porquanto o que Deus ajuntou,
não o separe o homem.
Em casa os discípulos
interrogaram-no de novo sobre isso. Ao que lhes respondeu:
Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela; e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério." (Mc 10,2-12)
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, 4º Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, comenta passagem do Evangelho de São Marcos
De acordo com o Arcebispo, «Jesus
sinaliza aos discípulos e discípulas que o vínculo matrimonial é um projeto de
vida, uma construção».
Dom Walmor Oliveira de Azevedo, enfatiza que «o matrimônio não é simplesmente um usufruto qualquer de momentos
e de convivências prazerosas».
No contexto da leitura extraída do capítulo 10 de São Marcos, versículos de 2 a 12, o Arcebispo reflete sobre
o posicionamento de Jesus frente aos fariseus que, para colocá-lo à prova,
perguntaram-lhe se era permitido ao marido divorciar-se de sua mulher.
«A pergunta dos fariseus a Jesus é um
retrato das estreitezas do coração humano que precisa da vontade de Deus como
confronto e instrumento de alargamento do seu território», explica o Arcebispo.
Segundo Dom Walmor Azevedo, apesar da
intenção espúria dos interlocutores de Jesus, «o Mestre aceita dialogar», «para
poder assim tocar o mais fundo do coração humano».
«Não tocar as raízes do coração é
permitir ficar nas garras de interesses pouco nobres e de presidir a vida pelos
parâmetros dos instintos, quase sempre estreitados por gostos e comodidades
egoístas», afirma.
O Arcebispo explica que, «ao perguntar
‘o que Moisés vos ordenou’, Jesus não abre um seu confronto com a figura
profética de Moisés. Ele é o novo Moisés para conduzir o povo às condições da
verdadeira liberdade e da autêntica justiça».
«Jesus sublinha e focaliza a norma como
garantia mínima de respeito aos direitos da mulher, não deixando que ela se
torne refém e escrava da tirania do homem», afirma.
«A norma dada por Moisés é uma garantia
mínima ao respeito maior que se deve ter a cada pessoa», enfatiza.
O Arcebispo recorda que Jesus, então,
«evoca o dito do Gênesis 1,27 para o sentido rico do projeto matrimonial,
enquanto os dois, homem e mulher, deixam seu pai e sua mãe, para serem, não
mais dois, mas uma só carne».
«Uma só carne significa uma vinculação
que exige de cada qual a competência de encontrar aí fonte de sua alegria
permanente, não permitindo que instintos ou interesses egoístas demarquem o tempo
da manutenção do vínculo segundo a duração passageira própria dos impulsos»,
explica.
Dom Walmor observa que, «para além de
um simples respeito e garantia dos interesses das partes, Jesus sinaliza aos
discípulos e discípulas que o vínculo matrimonial é um projeto de vida».
«O sacrifício de sua oferta é capítulo
fundamental neste processo e nesta conquista, criando uma perseverança que
sustenta os baques e as intempéries dos percursos da construção do vínculo
matrimonial», afirma.
Zenit
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