segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O que seria de nós sem a vida consagrada?



Esta pergunta nos é dirigida por Monsenhor Juan Del Rio Martín, Arcebispo Castrense da Espanha, em um artigo publicado por Zenit, por ocasião da Jornada Mundial da Vida Consagrada, e traduzido por Thácio Siqueira.

Nele, Monsenhor Juan afirma que o secularismo penetrou diversos setores da vida cristã, e que este é um mal que mundaniza a Igreja e a torna ineficaz para evangelizar o mundo.
Ele afirma que por outro lado, o mundo vive uma cristofobia, o anticatólico, que rejeita o direito da Igreja de viver em liberdade.
Este “vírus” que contaminou tanto a Igreja como as famílias, manifesta-se pela secularização de sacerdotes, da vida comunitária de congregações e ordens religiosas, nas  rupturas matrimoniais e na queda da natalidade.

Contudo, ater-se aos diagnósticos não leva a lugar nenhum, afirma Mons. Juan. O Papa Bento XVI exorta-nos constantemente a recuperar a Deus como centro da nossa vida cristã, e ser humildes para que possamos perguntar: o que o Senhor me pede, a mim e à sua Igreja, nestes momentos tão complexos e turbulentos que estamos vivendo? 

A vida religiosa em todas as suas formas está intimamente relacionada com a Palavra de Deus, atrás de uma freira, padre, religioso, religiosa, consagrado há um ditado ou ação de Jesus, que cativou esse fundador e deu como consequência o nascimento de uma nova família de consagrados em prol da edificação da Igreja e de sua missão evangelizadora no mundo. As duas formas de Vida Consagrada, contemplativa e ativa, são os dois pulmões da comunidade eclesial. Sua presença entre os homens representa a geografia da oração, do apostolado, da caridade. Tudo isso vivido de acordo com os conselhos evangélicos na fraternidade cristã, sujeito. 

A Igreja não pode ignorar este grande tesouro de fidelidade a Deus e de serviço aos mais necessitados. O povo cristão atual tem que despertar do seu sono e deve ter mais consciência de cooperação no ressurgimento vocacional para estender o Reino de Deus e a sua justiça (cf. Mt 6,33). 

Segundo Mons. Juan, entrar hoje na "religião” , como se dizia antigamente, é remar contra a maré. É para pessoas muito focadas no essencial da fé, que não desejam se submeter ao pensamento único, que não se conformam com o hedonismo agradável dominante, que têm muito claro que os pobres não são artigos de modas ideológicas, que descobriram a Igreja como o maior espaço para a liberdade pessoal e comunitária, que se apaixonaram pela forma de viver o Evangelho de um fundador. 

Ser religioso ou religiosa é optar por uma forma de vida que não está em voga, que não tem aplausos, que não tem garantias. No entanto, é a forma mais bonita de viver a vida "escondida em Cristo" (Cl 3,3), de ser "sal e luz do mundo" (Mt 5,13-16), de encarnar o espírito das bem-aventuranças. Temos de eliminar essa idéia de que os padres, monges e freiras são "espécies em perigo de extinção". Deus não abandona a sua Igreja, e quando parecem esgotadas as águas do poço eclesial da Europa, surgem abundantes vocações nos outros continentes. Quando um carisma se apaga, brotam outras formas de vida consagrada. Mesmo entre nós, apesar do problema demográfico no Ocidente e da crise de fé, há alguns jovens que com a graça de Deus rompem com os padrões estabelecidos e entram numa ordem, congregação ou instituto secular. Ainda temos mães e pais cristãos que se alegram quando um filho ou filha vão para um convento ou para as missões. 

Não está tão seco o poço das nossas comunidades cristãs! Podemos estar tão obcecados com o número e a substituição nos vários serviços e não agradecer ao Senhor por este grande testemunho de fidelidade que hoje representam tantos religiosos que morrem sem ter “olhado para trás" (Lc 9,62). Aí temos o grande exemplo de humildade e de humilhação que nestes momentos significa aceitar a realidade dolorosa de fechar casas e reestruturar as províncias. 

Deus também está falando neste empobrecimento institucional! E, finalmente, o testemunho do serviço aos pobres, anciãos, doentes, crianças e jovens, quando o outono da existência aparece, eles e elas estão ali até que chegue a “irmã morte”, que em não poucos casos tem o nome de martírio. 

Em suma, são novos tempos com grandes desafios. Não temos fórmulas mágicas, não devemos cair em pessimismos contagiosos, nem cair em ilusões triunfalistas. Só a fé em Deus nos faz ver que ainda há "mais trigo do que joio", mais santidade do que pecado na Igreja. 

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