segunda-feira, 9 de março de 2015

III Domingo da Quaresma : o lucro vazio


Na primeira leitura da missa deste III Domingo da Quaresma ( Êxodo, 20, 1-17), Deus se manifesta como o único Deus e Senhor do universo, um Deus ciumento que procura, através de seus mandamentos, nortear para o bem e para a felicidade a vida de suas criaturas. Não se tratam de restrições, mas de um plano de proteção e de vida para o homem.

Quando adquirimos qualquer eletrodoméstico, junto com o produto embalado recebemos um manual de instruções, onde teremos orientação para usá-lo adequadamente, porque se não o fizermos perdemos a garantia do produto. Assim Deus também se dirige ao seu povo, com diretrizes que têm o objetivo de permitir ao homem passar por esta vida sem grandes arrependimentos por não ter dado crédito ao nosso Criador.

Certamente já experimentamos o gosto amargo do rompimento com Deus pelo pecado, seja pelo venial ou pelo mortal. Através de um ato livre de nossa vontade resolvemos saber qual o gosto do fruto da árvore proibida... Ele parecia tão bom e apetitoso...  Mas em um determinado momento aquela aparência irresistível do fruto proibido se desfez, e restou apenas uma enorme sensação de se ter sido ludibriado, enganado.

Em contra partida, com quanta paz e serenidade caminham por esta vida aqueles que se colocam a ouvir continuamente a voz da consciência, e buscam tudo o que é verdadeiro, santo e justo. Ainda existe o pecado neles, porque esta é a nossa condição nesta vida. Mas contam com a Palavra de Deus para orientá-los, com os sacramentos para purificá-los e sustentá-los, e com a tranquilidade de saber que nestes casos a queda é por fraqueza, não por “surdez da alma”.

No Evangelho, Jesus expulsa os vendilhões do templo. Ele faz uso de chicotes, e aos brados coloca todos para fora exclamando: “Não façais da casa de meu pai, uma casa de comércio”. O que Jesus quer nos ensinar com sua atitude? Que não se pode desvirtuar o sentido do sagrado.

A casa de Deus é lugar de oração, de encontro com Deus. Ali é o lugar privilegiado onde Deus habita, onde se faz pão para os famintos e água para os sedentos. Ali recebemos os Sacramentos que nos acompanham pela vida.

A ira de Jesus acontece, porque o povo que ali fazia comércio se desviara do verdadeiro motivo que os deviria manter lá: Deus. Assim, confrontando as duas leituras, a primeira e o Evangelho, é possível compreender o que acontece quando não colocamos em prática aquilo a que Deus nos exorta: nós O perdemos de vista, e corremos o risco de ver a nossa vida ameaçada em sua primordial finalidade, que é a salvação eterna. Passamos a pensar só naquilo que nos proporciona uma satisfação imediata, e nos tornamos incapazes de considerar o bem comum, o que agrega valor também ao outro. E falando sério, não é possível ser feliz assim.

Seria bom se fizéssemos um exame de consciência que tornasse claro para nós, onde estamos desvirtuando a vontade de Deus em nossa vida. Onde trocamos a vontade de Deus por uma barraca de comércio, onde o que conta é só o que vamos lucrar.

ISF

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