Na
primeira leitura da missa deste III Domingo da Quaresma ( Êxodo, 20, 1-17),
Deus se manifesta como o único Deus e Senhor do universo, um Deus ciumento que
procura, através de seus mandamentos, nortear para o bem e para a felicidade a
vida de suas criaturas. Não se tratam de restrições, mas de um plano de
proteção e de vida para o homem.
Quando
adquirimos qualquer eletrodoméstico, junto com o produto embalado recebemos um
manual de instruções, onde teremos orientação para usá-lo adequadamente, porque
se não o fizermos perdemos a garantia do produto. Assim Deus
também se dirige ao seu povo, com diretrizes que têm o objetivo de permitir ao
homem passar por esta vida sem grandes arrependimentos por não ter dado crédito
ao nosso Criador.
Certamente
já experimentamos o gosto amargo do rompimento com Deus pelo pecado, seja pelo
venial ou pelo mortal. Através de um ato livre de nossa vontade resolvemos
saber qual o gosto do fruto da árvore proibida... Ele parecia tão bom e
apetitoso... Mas em um determinado
momento aquela aparência irresistível do fruto proibido se desfez, e restou apenas
uma enorme sensação de se ter sido ludibriado, enganado.
Em
contra partida, com quanta paz e serenidade caminham por esta vida aqueles que
se colocam a ouvir continuamente a voz da consciência, e buscam tudo o que é
verdadeiro, santo e justo. Ainda existe o pecado neles, porque esta é a nossa
condição nesta vida. Mas contam com a Palavra de Deus para orientá-los, com os
sacramentos para purificá-los e sustentá-los, e com a tranquilidade de saber que
nestes casos a queda é por fraqueza, não por “surdez da alma”.
No
Evangelho, Jesus expulsa os vendilhões do templo. Ele faz uso de chicotes, e
aos brados coloca todos para fora exclamando: “Não façais da casa de meu pai,
uma casa de comércio”. O que Jesus quer nos ensinar com sua atitude?
Que não se pode desvirtuar o sentido do sagrado.
A
casa de Deus é lugar de oração, de encontro com Deus. Ali é o lugar
privilegiado onde Deus habita, onde se faz pão para os famintos e água para os
sedentos. Ali recebemos os Sacramentos que nos acompanham pela vida.
A
ira de Jesus acontece, porque o povo que ali fazia comércio se desviara do
verdadeiro motivo que os deviria manter lá: Deus. Assim, confrontando as duas leituras,
a primeira e o Evangelho, é possível compreender o que acontece quando não
colocamos em prática aquilo a que Deus nos exorta: nós O perdemos de vista, e
corremos o risco de ver a nossa vida ameaçada em sua primordial finalidade, que é a salvação eterna. Passamos a pensar só naquilo que nos
proporciona uma satisfação imediata, e nos tornamos incapazes de considerar o
bem comum, o que agrega valor também ao outro. E falando sério, não é
possível ser feliz assim.
Seria
bom se fizéssemos um exame de consciência que tornasse claro para nós, onde
estamos desvirtuando a vontade de Deus em nossa vida. Onde trocamos a vontade de Deus por uma
barraca de comércio, onde o que conta é só o que vamos lucrar.
ISF
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