Jesus nos contou de forma
maravilhosa que Deus é Pai. A paternidade e a maternidade estão
presentes em nossa natureza humana, e toda pessoa recebe esta missão,
ainda que de formas diferentes. Ninguém nasceu para a esterilidade, pois
todos nascemos para gerar, e não poderia ser de outro modo, pois somos
imagens e semelhança de Deus, que é Pai e Mãe, ao mesmo tempo. Deus nos
pede respeitosamente nossas entranhas paternas e maternas, como pediu à
Virgem Maria, para continuar a gerar a vida. E é necessário que os
homens assumam de forma madura sua forma de amar, para ser pais.
No entanto a paternidade está
em crise, o que leva à crise de lideranças maduras e corajosas no mundo.
E quando faltam pais, idolatra-se a imagem de uma eterna juventude. Não
basta ao homem gerar filhos, sem ser realmente pai. A ausência dos pais
se expressa na ausência física, na ausência afetiva, com medo de
expressar carinho e afeto e na ausência normativa, já que os pais devem
claros em seus critérios sem receio de estabelecer limites. Sejam homens
capazes de amar com vigor e ternura, para que se estabeleça o adequado
equilíbrio de relações entre as pessoas, a partir da magnífica
polaridade entre homem e mulher, criada pelo próprio Deus.
Fomos todos chamados a amar. E
este amor começa em Deus, que é sua fonte, sem o qual todo amor humano
desfalece. Queremos convidar todos os homens a acolherem com coração
aberto o fato de serem amados por Deus e por ele chamados a amar. Amar é
dar a vida pelos outros, com clareza e firmeza. Não há maior
manifestação possível de virilidade do que sair de si mesmos para fazer o
bem, buscando corajosamente o bem dos outros, começando pela prole que
os homens têm a graça de gerar, participando da obra criadora de Deus.
Sua missão é feita de um olhar acolhedor para a paternidade do próprio
Deus, e lhes cabe enfrentar as múltiplas dificuldades da vida com
ousadia e firmeza.
O amor há de ser vivido na
família, e nos voltamos hoje de modo especial para os homens que
receberam a vocação da paternidade. Cabe-lhes, por fidelidade à vocação
recebida, a iniciativa do amor. Dar o primeiro passo para edificar a
família e buscar o trabalho que lhes possibilite prover às necessidades
do lar. Para tanto, devem descobrir cada dia mais o sentido da
gratuidade. Está na natureza humana a superação das relações de troca
com preço. É magnífico saber que pais de verdade não cobram pagamento
dos que lhes são confiados. Isso faz com que, por mais simples que sejam
suas vidas, sejam pessoas totalmente entregues à missão recebida. Vivem
um ofício de amor, com o qual acolhem a todos e preferem cada pessoa,
conhecendo a esposa e cada um dos filhos. Permanecem no amor (Cf. Jo 15,
9-11), acompanhando cada um dos membros da família, fiéis e
perseverantes. Acompanhar é permanecer no amor, prolongar no tempo e no
espaço a acolhida e a animação. É a atitude de quem assume a posição de
pai, com atenção e serviço.
A Família, Igreja Doméstica, tem como
vocação ser o rosto de Jesus, de braços abertos e coração palpitante,
com boas vindas escrita nos umbrais da casa. E o "dono da casa" é
chamado a ser sinal do Pai e do Filho, conduzido pela força do Espírito
Santo. A Igreja Doméstica será de verdade uma casa de acolhimento na
medida em que seus moradores acreditarem na força do Espírito que a
ninguém nega sua presença e que a cada um acolhe no mais íntimo do
coração, como “doce hóspede da alma”.
Justamente porque o mundo em
que vivemos é frio e calculista e são muitíssimos os que se sentem sem
apoio, queremos voltar "para casa", reencontrando no lar, fundado no
Sacramento do Matrimônio, a fonte de realização sonhada por todos. Neste
dia dos pais, olhamos com gratidão para aqueles que já vivem com
intensidade sua magnífica vocação e rezamos pelos que, tendo-a recebido
de graça, ainda não descobriram toda a sua grandeza. Nosso presente é
dizer que são presente de Deus para nossas famílias!
Trechos do texto de Dom Alberto Taveira, Arcebispo Metropolitano do Belé do Pará para o Dia dos Pais
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