segunda-feira, 7 de março de 2016

Para virar a página é necessária a sua mão


O Brasil tem assistido, estarrecido e escandalizado, a uma situação até então inédita para nós: uma ciranda de revelações e delações dos políticos envolvidos nas intermináveis fases da Operação Lava Jato, que é a maior investigação sobre corrupção conduzida até hoje no Brasil. Ela começou investigando uma rede de doleiros que atuavam em vários Estados e descobriu a existência de um vasto esquema de corrupção na Petrobrás, envolvendo políticos de vários partidos e as maiores empreiteiras do país. Nunca antes os esquemas de corrupção de um governo haviam sido tão devastados pela Polícia Federal, e pela mídia,  revelando detalhes que chocam pela ganância e avidez dos nossos governantes e parlamentares que conseguiram, numa sangria predatória, afundar a maior estatal do país, a Petrobrás, e de mergulhar o Brasil numa profunda crise econômica e política.

É muito triste e constrangedor para toda a população, ter que admitir que são pouquíssimos os políticos isentos de suspeitas na participação de esquemas de vantagens pessoais e enriquecimento ilícito. Não foi pra isso que eles foram colocados lá...

Ao tomarmos conhecimento dos desvios de valores astronômicos dos cofres das estatais, ou mesmo do beneficiamento das grandes empreiteiras que atuam no país em obras superfaturadas, e de outros tantos "golpes" nos cofres do tesouro nacional, surgem alguns questionamentos que não conseguimos calar: 

- Como é que eles dormem à noite, sabendo que há tantos brasileiros espalhados pelos corredores dos hospitais públicos à espera de um atendimento de emergência, ou de um tratamento de uma doença crônica grave, e nem sequer conseguem, após horas de espera, ter um alívio ou um lenitivo que lhes acalme a dor ou o desespero?

- Como é que eles seguem em frente sabendo que há tantos miseráveis que nem sequer tem o mínimo para serem chamados de pobres, ou um número cada vez maior de aposentados (sim, porque o país está envelhecendo) que não conseguem pagar a medicação necessária para terem uma velhice suportável, ou crianças que não chegam a completar 5 anos de idade porque são ceifadas, ora pela miséria e fome, ora pela falta de um serviço médico que cumpra seu papel.

- Como eles tem coragem de afirmar que representam o povo, quando sabemos que o ensino vai de mal a pior,  a carga de tributos é esmagadora, não há interesse em resolver a questão da seca que assola o nordeste brasileiro há muitas décadas, não existe um plano que proteja o pulmão do mundo, a Amazônia, o preço do nosso combustível segue na contramão dos preços internacionais que só caem, os políticos só são lépidos para votar emendas ou projetos de lei que aumentam seus salários e benefícios, que não são poucos, e por aí vai, numa lista tristemente interminável...

- Como podemos não nos consternar ao sabermos que em plena era digital há tantos excluídos de tudo, até mesmo do direito de serem alfabetizados, de ter água e saneamento básico, de ter um mínimo de dignidade porque é humano, e acima de tudo, um filho de Deus, criado à sua imagem e semelhança?

Todos sabemos o que falta, mas nem todos sabem que para que haja mudanças é necessário que nos examinemos também, no nosso dia a dia, para não imitarmos o modelo de atuação de certos políticos brasileiros...

Se burlamos as leis com o famoso "jeitinho brasileiro de ser", se não respeitamos  as regras de trânsito, os vizinhos, a esposa(o), os filhos, os pais, os idosos, as gestantes, as filas (inclusive as de trânsito), se pensamos apenas no nosso bem estar a qualquer preço, se mentimos, traímos, desonramos o bom nome de quem quer que seja, roubamos (isso inclui a honra, a boa fama, o tempo, a saúde, o trabalho e a sacralidade de alguém, e outros) matamos pessoas (isso inclui o aborto, a eutanásia), somos o microcosmo deste comportamento generalizado em nossa humanidade que não agrega nenhum valor, só subtrai.

O homem só será renovado - e poderá reconstruir a sua história pessoal primeiro para depois mudar o todo - quando começar levar a sério que o que dói em si mesmo, dói no outro também. Quando entendermos que o hoje não volta, e que fazer o bem é o que nos torna verdadeiramente felizes e seres humanos evoluídos, aí sim, poderemos ter esperança de que esse mundo tem jeito.

Mas para que tudo isso aconteça de fato, é necessário ter um ideal movido por uma fé num amanhã bom para todos, onde todos possam ser felizes e plenos. Esse ideal não é nosso, mas de Deus. Ele é que o introduziu em nossa alma. É como se tivéssemos saudades do céu, saudades de uma harmonia e amor perfeitos e infinitos, que só existem em Deus. Só Ele tem o poder de nos habilitar para este equilíbrio sobrenatural...

Por isso, rezemos pelo Brasil, rezemos para que nossos concidadãos, cansados de tantas mazelas, enxerguem como tudo o que está acontecendo pode ser um retrato do que acontece no mundo pessoal de cada brasileiro. E assim, envergonhados, nos empenhemos por uma pátria melhor, que começa em nós mesmos.

Malu- ISF

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