sábado, 11 de agosto de 2012

Ser pai é oferecer-se



A paternidade é uma dádiva divina que permite ao homem participar do ato criador de Deus.
É sentir sobre seus pés o peso de outra(s) vida(s) gerada de si, que depende de sua rota para se firmar como pessoa na sua totalidade de alma e corpo.
É dar-se, oferecer-se, entregar-se!
Feliz Dia dos Pais!!

OFERECER 


Oferecer. 
Colocar nas mãos do outro um objeto é sempre oferecer algo de invisível, que revela aquilo que você é.
No fundo é sempre oferecer-se a si mesmo.
Como as folhas no final da estação, se oferecem ao vento, como um barco, depois da tempestade, se oferece ao sabor das ondas, da mesma forma oferecer-se é sentir a força ou a doçura do outro. É deixar-se levar pelos cuidados ou esperas dos outros em você.

Oferecer é um gesto que acontece no presente, mas que traz em si o futuro.
É começar a caminhar sobre uma ponte da qual não se enxerga o final, imerso na neblina do lado oposto.
É saborear o sentimento de um futuro que acolhe e que se aproxima de você.
Entretanto quem olha apenas o passado, e se fecha para admirá-lo, perde a chance de mudar. Fecha-se em si mesmo e em certezas que, talvez, não tenham amanhã.

Oferecer na verdade é sempre um desafio ao medo do novo, do vazio da reação do outro.
Oferecer é romper o círculo fechado da lógica do levar, do aproveitar ou do apossar-se. Para unir-se à gratuidade evangélica dos lírios do campo e dos pássaros do céu.

Oferecer-se é reunir nas palmas das mãos aquilo que você é, e entregá-lo.
Como uma onda que vem de longe, você oferecerá aquilo que já recebeu faz tempo. E, ainda, o amor que concebeu você, quando os outros lhe deram a vida.
É dessa forma que a macieira sustenta seus ramos carregados de frutos e folhas, no ato de mostrar aquilo que nela produziram o céu e a terra, o esforço dos seres humanos, a alegria de florescer e a espera paciente...
Oferecer é fruto de uma história de dádivas que abarrotaram você e que o ensinaram a oferecer-se.

Mas oferecer é também abrir os braços para unir entre eles duas extremidades.
Oferecer-se é tornar-se um elo em terras que antes não eram conhecidas e que, com você, podem finalmente ser tocadas. E é um milagre que você possa fazer isso entre duas partes quando, por vezes, um abismo os separa.
Entre as criaturas humanas e culturas diferentes, entre imigrantes e habitantes de um lugar, oferecer-se é considerar o encontro com elas mais importante que sua própria pessoa, quando então seu corpo, abrindo-se comunga com eles.
É o gesto humilde e fecundo de unir realidades distantes entre si.

Retirado do livro "Elogio do Encontro" de Renato Zilio - Ed. Paulinas

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